Quando vemos e pesquisamos aquilo que é compartilhado na internet encontramos uma grande mistura de informações. Vemos muitas imagens de posições de Yoga, das mais simples às mais mirabolantes (que faz parte de uma pequeníssima parte do yoga), e principalmente no Ocidente pouco lemos a respeito de espiritualidade (que é diferente de religião) e do yoga como um sistema filosófico.
Falar o que é Yoga é super difícil porque é um estado que pouquíssimos mestres, mestras, pessoas, gurus atingiram.
Então, como se fala de algo que não se sabe muito bem o que é por não ter tido a real experiência?
Podemos apenas nos basear em livros, escrituras e sábios antigos que são os únicos com a real propriedade de descrever a yoga. O que buscamos aqui é uma interpretação baseada no que a nossa mente é capaz de compreender.
Yoga é um dos seis Sistemas filosóficos que existem na Índia. Dentre outros sistemas além do Yoga estão o Budismo e o Jainismo (segundo a obra de Os Yoga Sutras de Patanjali, tradução e comentários de BARBOSA, 2015).
Na mesma obra Patanjali descreve o Yoga como yogascittavrttinirodhah “é o recolhimento [nirodha] das atividades [vrttis] da mente [citta]
Nirodha é o recolhimento, o ato de trazer para dentro algo que se espalhou do lado de fora.
E o que precisa ser recolhido do lado de fora é vrtti, que são as atividades da mente. Pois afinal sofremos muito com a nossa mente, não? Desenvolvermos o controle da mente é fundamental para não permitir que ela nos controle.
A palavra Yoga vem do sânscrito “yug” que significa unir, ligar, conectar. Patanjali descreve o yoga como “Samadhi”, a união da Consciência Individual (que existe em cada ser vivente) com a Consciência Superior (você pode chamar de Deus, Divino ou que mais se assemelha para você como esta Consciência Universal que a tudo permeia).
Esse estado de Yoga está também na cessação das ondas pensamento-emotivas da mente, Yoga Chitta Vritti Nirodha. O Kriya Yoga (que é uma técnica de Yoga da Meditação) ensina métodos a atingir este estado através da Meditação centralizando a atenção no terceiro olho (fisicamente no ponto entre as sobrancelhas, Ajna Chakra).
Não se sabe ao certo quando nasce o Yoga, provável que nasce junto ao primeiro indivíduo. No período pós pré-histórico há registros de sábios iluminados, os Rishis, que detinham experimentalmente, através de práticas específicas e o estudo do Ser, o conhecimento da ciência do Yoga. Passavam este conhecimento a comunidade e com devoção enxergavam o Ser que existe além do corpo físico (a Consciência Individual). Ao ver uma pessoa, não só viam aquele invólucro físico, mas também a sua aura e todos os seus corpos sutis. Naquele Ser (naquela pessoa) trabalhavam técnicas e práticas específicas para a sua evolução física, mental e espiritual.
Como o estado maior de Yoga é essa união da nossa Consciência Individual com a Consciência Universal, existe uma série de práticas e técnicas que são ensinadas com o objetivo final de chegar em Samadhi. E é aí que o Yoga também começa a se “dividir” em tipos de Yoga. Compartilhamos aqui 3 exemplos:
Hatha Yoga
Trabalha mais especificamente o aperfeiçoamento do corpo físico. Ha significa Sol e Tha – Lua, o Hatha trabalha no equilíbrio e purificação entre os lados solar e lunar, respectivamente lados direito e esquerdo do corpo. Significa também “força de vontade” e disciplina.
O Hatha Yoga inclui os “asanas”, que são posições que trabalham no corpo a força, a flexibilidade e o equilíbrio e ao mesmo tempo psiquicamente e energeticamente. Então não são exercícios inteiramente físicos, pois trabalham sutilmente reequilíbrios e um despertar e paz interior.
O Hatha Yoga é super importante para termos corpos saudáveis (seja físico, energético). Em um corpo doente fica mais difícil de atingirmos estados mais elevados de consciência e de concentração, por exemplo.
No Ocidente é o que se pratica mais. Esquecem, ignoram e muitos nem sabem o verdadeiro objetivo do Yoga.
Laya Yoga
Também inserido neste “Único Yoga” temos o Laya Yoga, que é o “Yoga da Vibração” ou “Mantra Yoga”.
Os mantras, cada qual com a sua vibração tem poderes de purificação da mente, são terapêuticos e curativos (seja físico, mental ou espiritual). Nos permitem atingir estágios elevados de consciência e de vibração, e é uma técnica que nos prepara para a meditação, por exemplo.
São originados, em síntese e essência do “AUM”, a vibração primordial da origem do universo.
Raja Yoga
Yoga da meditação, considerado segundo o mestre Paramahansa Yogananda (em A Yoga de Jesus, 2010) o caminho supremo da Yoga, essência de todos os demais caminhos. São aplicados métodos de meditação com o objetivo de se atingir o vislumbre final do estado de união em Yoga.
Aqui no Ser Ananda oferecemos estes 3 caminhos: o Hatha Yoga; o Laya Yoga; e o Raja Yoga. Pois acreditamos que somente assim estamos verdadeiramente nos desenvolvendo no real Yoga. É uma ciência experimental tão antiga e milenar, que não vale a pena deixarmos certos conhecimentos de lado.
O Yoga para nós é uma forma de viver a vida e o dia-a-dia com mais presença. Experimentamos e aprendemos com o mundo aí fora, mas também vivemos com muito mais profundidade no nosso mundo aqui dentro.
O mestre Yogananda fala que dentro de cada um de nós temos um paraíso portátil. Um universo onde obtemos verdadeiro autoconhecimento, força, saúde, equilíbrio, criatividade, foco, disciplina, desapego, contentamento, gratidão, amor, paz, realização espiritual e uma conexão íntima com nosso Verdadeiro Ser.
Gratidão!
Gabriela Gunther Gonçalves.
Professora de Yoga do Ser Ananda Yoga e Meditação.